EGO TRANSFORMADO

Quais são as marcas de um coração totalmente transformado pela graça de Deus? Se confiamos em Cristo como deve ser o nosso coração?

Não estou me referindo ao comportamento moral. Pois é possível fazermos ações moralmente positivas, boas e termos o coração cheio de medo, insegurança, orgulho, vaidade e sede de poder.

Como se concretiza no dia a dia a transformação de um coração na sua raiz, pela graça de Deus?

I Coríntios 3.21-4.7

Havia divisão em toda igreja de Corinto, a qual fora fundada por Paulo. Além de Apolo e Cefas, outros evangelistas passaram por lá e fizeram discípulos e nomearam líderes. Em vez de os corintos se alegrarem com isso, se valeram desses relacionamentos com Paulo, ou com Apolo como trampolim para um jogo de poder. Surgiram facções que dividiram a igreja.

Nessa passagem Paulo mostra que a causa da divisão é o orgulho e a vangloria. Esse é o motivo da falta de paz no mundo, dos desentendimentos e das inimizades entre as pessoas.

No vs.21 Paulo já começa advertindo: “… ninguém se glorie…”.  Paulo diz nada de orgulho, nada de vanglória, mas busquem a humildade. Isso nos leva a autoestima.

No século 20 acreditava-se que autoestima elevada demais era a causa dos males da sociedade. No entanto, hoje desenvolvemos um conceito cultural totalmente oposto. A crença hoje é que as pessoas agem mal por falta de autoestima e por terem uma valorização muito baixa de si mesmas.

No texto de Paulo aos coríntios ele apresenta uma maneira de entender a autovalorização, uma maneira de enxergar o eu e uma forma de vermos a nós mesmos que é completamente diferente da abordagem das culturas tradicionais e modernas/pós-modernas.

Paulo revela três coisas neste texto:

1)    A condição natural do ego humano

No original do verso 6 do cap. 4 quando Paulo diz para não se orgulharem de uma pessoa em detrimento de outra ele quer dizer algo muito mais que orgulho. Ele quer dizer para não se incharem, estufarem ou como se fosse um órgão do corpo humano tão inflado prestes a explodir.

A imagem sugere quatro verdades sobre a condição natural do ego humano:

Vazio, dolorido, atarefado e frágil.

Vazio porque há um vazio no centro do ego humano – é oco. E o orgulho espiritual é a ilusão de que temos competência, sem Deus, para conduzir a vida, e descobrir um propósito grande o bastante para dar sentido à vida.

Dolorido o ego distendido e superinflado dói. Sempre falamos que alguém feriu nossos sentimentos, porém, os sentimentos não se ferem o que fere é o ego machucado.

Atarefado o ego faz tudo para aparecer e ser notado. É incansável em duas tarefas: comparação e vangloria. C.S Lewis: A competitividade se acha no âmago do orgulho.

E por fim, o ego é frágil, isso acontece porque qualquer coisa superinflada corre o risco de estourar. É como uma bexiga cheia demais.

1 Co 4.3,4 – “Pouco me importa ser julgado por vocês ou por qualquer tribunal humano; de fato, nem eu julgo a mim mesmo. Embora em nada minha consciência me acuse, nem por isso justifico a mim mesmo; o Senhor é quem me julga.” É desejo do apóstolo Paulo que as pessoas vejam a diferença que o evangelho faz e como esse evangelho transformou tudo para ele. Paulo mostra aos coríntios que o evangelho transformou seu senso de valor próprio, a maneira como ele se considera a si próprio e sua identidade.

2)    A visão transformada do eu (a qual Paulo havia descoberto o que se dá por meio do evangelho).

A identidade de Paulo pode não estar presa a opinião alheia a respeito dele, mas e quanto a nós?

Paulo sabia que não conseguiria cumprir os padrões estabelecidos pelos seus pais, pela sociedade ou por ele mesmo para estabelecer seus padrões morais.

Paulo foi um dos líderes mais influentes da história humana. Ele tinha estabilidade, influencia e uma incrível confiança e mesmo assim, em 1 Tm 1.15 ele diz: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”. Ele não diz que era, mas que é, eu sou o principal.

Resumindo: “Eu sou o pior deles”. Pessoas tão confiantes, normalmente não fazem esse tipo de declaração.

Paulo ao enxergar um pecado, não permite que ele destrua sua identidade. Embora ele se considere o principal dos pecadores, esse fato não o impedirá de realizar a obra à qual foi chamado.

Estabelecemos nossos padrões e depois nos condenamos. Dessa forma, o ego nunca fica satisfeito. O apóstolo está afirmando que alcançou um estágio no qual o ego não chama a atenção para si, ele está dizendo que a essência da humildade resultante do evangelho não é pensar em mim mesmo como se fosse mais nem pensar em mim mesmo como se eu fosse menos; é pensar menos em mim mesmo.

3)    Como alcançar uma visão transformada do eu.

Como Paulo alcançou esta transformação do EU?

Primeiro, o apóstolo afirma: Não me importam com o que vocês pensam, tampouco com o que eu mesmo penso. Não há nada contra mim, nem por isso me justifico. Justifico= inocente. Mesmo que sua consciência esteja limpa, isso não o torna inocente. O que Paulo está dizendo é que dia após dia estamos debaixo de julgamento, buscando aprovação e aceitação das pessoas e de nós mesmos. A identidade de uma pessoa está sempre em um tribunal de acusação e defesa.

Paulo conta que descobriu o segredo: o julgamento dele está encerrado. O veredicto dele foi anunciado.

Como isso aconteceu? Paulo explica de maneira simples. Ele sabe que ninguém poderá justifica-lo. Ele sabe que nem ele mesmo poderá se inocentar. E o que ele afirma então? Ele afirma que é o Senhor que julga. A opinião de Deus é a única que interessa e importa.

Somente no evangelho de Jesus que o veredicto é dado antes de desempenharmos nossas funções.

No cristianismo, no momento em que cremos, Deus afirma: “Este é o meu Filho Amado, de quem me agrado” – Mt 3.17; e em Rom 8.1 “Portanto, agora já não há condenação alguma para os que estão em Cristo Jesus”.

No cristianismo, assim que cremos, Deus nos imputa as ações perfeitas de Cristo, seu desempenho, como se fossem nossas e nos adota como filhos.

Deus pode nos dizer exatamente como disse a Cristo: “Tu és o meu filho amado, de quem me agrado”.

Porque Jesus Cristo foi julgado em seu lugar. Jesus esteve diante de um tribunal, sob um julgamento injusto de um tribunal corrupto, mas ele não reclamou. Igual ovelha diante do tosquiador ele ficou calado. Ele foi golpeado, espancado, morto. Por que? Para nos substituir.

Portanto creia que o julgamento acabou e creia na verdade de que não há mais condenação sobre você e que você é filho amado de quem Deus se agrada.

Amém…Aleluia!!!!